domingo, 18 de maio de 2008

1968.


1968 as ruas de Paris são tomadas pela imaginação, pelo é proibido proibir, a poesia está nas ruas, o Maio Lindo, os jovens enfrentam a polícia; com barricadas do desejo as ruas se transformam em salas de aula, os muros obras de arte, a arte da rua a rua transforma na arte do desejo, do discurso, da palavra: sejamos realistas, peçamos o impossível, pois o possível deixe que a velha política peça.

O Maio ganha a França, o Mundo. Os jovens estão cansados de serem o futuro,querem pegar o presente,que ele seja seu,dos sonhos,das utopias,do sexo livre,contra velhos programas escolares,contra velha educação sem sentido,sem vida,sem emoção.Viva a liberdade de ter liberdade,que não pode ser medida,encarcerada em discursos ideologizantes,nem burguesia nem proletária,mas liberdade do outro pensar diferente: um pensamento que pára é um pensamento que apodrece,professores parem de tomar o elevador tomem o poder.As barricadas se erguem,os discursos conservadores clamam: são apenas estudantes,e nada mais,jovens inconseqüentes.Primeiro dia: 20 mil estudantes saem de sua confortável situação,diziam alguns;depois,11 milhões de grevistas.A Franca pára,nem a direita nem a esquerda entendem.Todos querem enquadrar os estudantes rebeldes.Se Dani é judeu alemão,todos nós somos judeus alemães;não mais a nacionalidade,mais o cidadão,não mais o francês,o alemão,sim o homem novo.

As ruas se enchem de esperança, de discursos, de emoção. Discurso e ação sem emoção são palavras propostas ocas e sem sentido.Os comunistas ficam estarrecidos,os jovens pequenos burgueses proclamam,a direita diz jovens comunistas e nem direita e nem esquerda conseguem enquadrar os jovens que lutavam exatamente pelo não enquadramento de pensamento e ação,camisa de força,e diziam sou marxista da tendência Grouxo.

O vento da primavera se alastra a primavera de Praga, Berkerly, Alemanha, Brasil, México, o ano de 68, o mágico ano que rompeu com todas as ordens vigentes, a sociedade disciplinar é ferida, a sociedade da vigilância e punição é exposta. Palanques são armados,discursos feitos,a Agora redescoberta.A mudança sem paixão não é mudança e sim transformação.Jovens cansam de ser os futuros de seus países,ganham as ruas,corações e mentes,contra a guerra do Vietnã proclamam façam amor,não guerra;a poesia ganha as ruas,os desejos de mudança são os desejos de ter desejos.As escolas voltam a serem espaços de ócio,do confronto de idéias,da liberdade.

Outros sobem as serras, caem em aparelhos, morrem nas celas, são torturados nos calabouços, mas não se calam. Sonham com suas utopias,que não são suas,mas de todos.A sociedade nunca foi a mesma depois daquele ano.São todos,todos coração.


1968, ano mágico, que nunca terminou, ou o ano que não acabou que continua a marcar as lutas libertárias de várias gerações e que continua a exercer o seu fascínio além de seu tempo e espaço. E como nas ironias da história,1989,data da revolta estudantil da Praça da Paz Celestial,em Pequim,é exatamente 1968 ao contrário,quando estudantes chineses reivindicavam as mesmas idéias do tempo passado e a imagem marcante mais uma vez é a de um estudante parando uma coluna de tanques: o homem pára a maquina,a razão,pára a força,e a máquina de guerra de toneladas é obrigada a dançar conforme os passos do desafiante.


Notícias do mês de maio chegam a todos os cantos do planeta, as palavras estão vindo com o vento, e, passados 40 anos, o Maio é presente, seus sonhos, utopias, desejos de mudar o mundo não envelheceram,ao contrário,o Mundo encontra-se mais injusto, mais explorado, mais depredado. Realmente devemos pensar que o sonho é realidade e exagerar já é um começo de invenção;devemos estar sempre propensos a nos inventar todos os dias,inventar a política,inventar a educação,inventar a vida,pois sempre a imaginação deve tomar o poder;devemos ser sempre realistas,pedindo o impossível,porque meus desejos são a realidade,e a poesia deve sempre estar nas ruas.Acreditar que devemos decretar o estado de felicidade permanente,conversando com os seus vizinhos,rompendo com o individualismo.È sempre bom proibir o proibido,pois o direito de viver não se mendiga,se toma.



Texto escrito por Rubens Tavares,meu ex-professor de História no CEP.

Cry.


Eu vi paz. Eu vi dor.
Descansando nos ombros de seu nome.
Você vê a verdade através de todas as mentiras deles?
Você vê o mundo através de olhos preocupados?
E se você quiser falar mais sobre isto,
deite aqui no chão e chore no meu ombro,
eu sou um amigo.

Eu vi nascimento. Eu vi morte.
Vivi para ver o último suspiro de um amante.
Você vê minha culpa? Eu deveria sentir medo?
O fogo de hesitação está brilhando?
E se você quiser falar uma vez mais sobre isto,
eu dependerei de você.
Eu chorarei no seu ombro.
Você é um amigo.

Você e eu passamos por muitas coisas.
Eu me agarrarei em seu coração.
Eu não choraria por nada,
Mas não vá destruir a sua vida..

Eu vi medo. Eu vi fé.
Vi o olhar de raiva no seu rosto
E se você quiser falar sobre o que será,
venha e senta-se comigo,
e chore no meu ombro,
eu sou um amigo.

E se você quiser falar mais sobre isto,
deite aqui no chão e chore no meu ombro,
eu sou um amigo.



Tradução de "Cry" do James Blunt.






**E eu poderia limpar as suas lágrimas...ah.